17 Novembro 2022
Check Up #9 - Marcadores do cancro
Qual é a diferença entre os biomarcadores prognósticos e os preditivos?
17 Novembro 2022
Qual é a diferença entre os biomarcadores prognósticos e os preditivos?
O cancro pode ser detectado através da presença, nos tumores ou nos fluidos corporais, de chamados biomarcadores moleculares – isto é, de moléculas biológicas (proteínas, genes, etc.), encontradas no sangue ou nos tecidos, que assinalam que uma pessoa tem cancro. Um biomarcador do cancro bem conhecido é a proteína PSA, cujo rápido aumento no sangue pode indicar a presença de cancro da próstata.
As moléculas biomarcadoras do cancro têm muitas aplicações potenciais em oncologia, duas das quais são a sua utilização para fins de prognóstico (a determinação do provável desfecho da doença para um dado doente) e a previsão da resposta de cada doente a um dado tratamento.
Os biomarcadores prognósticos informam sobre a provável evolução do cancro (recorrência, progressão, morte),
independentemente do tratamento recebido. Exemplos de biomarcadores prognósticos são o nível de PSA na altura do diagnóstico do cancro da próstata, ou a presença de mutações num gene, designado PIK3CA, nos tumores de mulheres que sofrem do chamado cancro da mama metastático HER2–positivo. (As mutações neste gene conduzem a defeitos numa proteína que pode fazer com que as células proliferem de forma descontrolada.) Ainda outro biomarcador prognóstico para o cancro da mama é o Mammaprint, baseado nos 70 principais genes associados à recorrência do cancro da mama.
Os biomarcadores preditivos fornecem informação sobre os benefícios dos tratamentos. Mais precisamente, isso significa que existe uma diferença no efeito de um dado tratamento conforme a presença ou ausência do biomarcador. Portanto, os biomarcadores preditivos permitem escolher e planear o tratamento mais adequado. O receptor do estrogénio (ER), o receptor da progesterona (PR) e o receptor 2 do factor de crescimento epidérmico humano (HER2) são os biomarcadores mais frequentemente utilizados, na clínica, no planeamento terapêutico dos doentes com cancro da mama.
Porém, os biomarcadores do cancro utilizáveis na clínica nem sempre são fáceis de detectar. É em parte por isso que é tão difícil diagnosticar precocemente o cancro do pâncreas, o que permitiria salvar muitas vidas. O facto é que, embora alguns biomarcadores potenciais tenham sido identificados, ainda é preciso demonstrar a sua utilidade clínica.
A avaliação rigorosa dos marcadores preditivos é extremamente importante. Como explica Fátima Cardoso, directora da Unidade de Mama da Fundação Champalimaud, “um biomarcador mal avaliado levaria a uma escolha errada do tratamento”. O que poderia não só privar os doentes de tratamentos potencialmente mais eficazes, mas até ter efeitos prejudiciais.
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